UFSM

SEGUNDAS
CHANCES
PARTE FINAL
Palavras de motivação são tudo o que resta para os que lutaram ou lutam contra seus vícios. Em meio a comodidade e desespero de se ver afogando em um vício do qual não há garantias de controle, essas pessoas mantêm a uma esperança de que tudo pode passar. E para isso, a aceitação se constitui como o primeiro passo.
No entanto, há resistência e dificuldade no processo, como reforça a psicóloga Mariangela Blois: “como você vai fazer uma pessoa largar uma coisa que é boa e o prazer é instantâneo?”. O retorno simples, sem esforços, é um dos fatores que leva a pessoa à prática de muitos atos que podem passar a serem péssimos hábitos se consumados excessivamente.
Quanto à prática em si, seja o ato de jogar, beber e fumar, há a normalização na cerne do problema, como explorando antes nesta reportagem. Seja pelas propagandas populares, que transmitiam uma certa “beleza” em fumar e beber ou pelos cassinos antes liberados. Contudo, com o passar dos anos, como tudo se atualiza, não foi diferente com os vícios.
Os chamados vape, os famosos cigarros eletrônicos e a digitalização dos jogos de azar, presentes com facilidade na internet, são exemplos das mudanças introduzidas na sociedade. E para pior, já que estes podem causar impactos maiores ainda na vida dos indivíduos.

Mas para além das possíveis influências, as motivações são variadas. Alguns por diversão, outros pelo prazer momentâneo, alguns por conta do estresse e a sensação de alívio. Isso os leva para uma vida autodestrutiva física e mental. E por esse motivo, o Médico Flavio Hojaij destaca a importância de um tratamento com “abordagem multidisciplinar”, através de apoio psicológico, medicamentos e de grupos de apoio.
Hoje reabilitados, Rodrigo e Laudiceia, que deixaram o cigarro para trás, reiteram sobre a busca por ajuda como um fator importante. Ambos reforçam que não se trata de “falta de vergonha na cara” e nem que basta ter “força de vontade”. É necessário que haja uma intervenção externa.
Para isso, cada uma dessas pessoas afetadas se agarra a uma possibilidade de superar seus vícios. Elas tentam manter pensamentos positivos, dever para com suas famílias e fé em suas crenças. “Eu sei que existe a segunda chance, e eu tô aqui pra confirmar isso”, relata Caio, destacando sua fé em Deus.
Luz no fim do túnel
Muito se fala sobre se permitir e tentar mais uma vez. Após a aceitação, é necessário que a pessoa que está em recuperação reconheça as dificuldades que enfrenta no caminho para superar seus vícios. Mariangela Blois diz que “as recaídas são frequentes”, já que o processo é longo.
Todos tiveram, uma vez ou outra, recaídas. “Quando batia uma certa instabilidade, a vontade de jogar aumentava”, relata Vicente. Era um desejo constante na vida de cada uma das pessoas que relataram sua história na reportagem presente. Seja a vontade compulsiva de jogar, como Victor e Vicente. Seja a vontade de beber, como relatada na história de Caio. Seja na história de Rodrigo e de Laudiceia, em suas lutas diárias contra o anseio de fumar.
E o que todos possuíam em comum? A esperança de que existia uma saída, mesmo que cheia de dificuldades. O vislumbre de uma reintegração social com a ausência de seus vícios, significava a oportunidade de experenciar uma vida melhor.
Para Victor, a sua “luz no fim do túnel”, como disse durante a entrevista, se chama Jogadores Anônimos. Foi durante as reuniões que encontrou uma forma de escapar das turbulências em sua vida e colocar sua vida “de volta para sociedade”. Já Vicente repete para si mesmo: “eu sou um doente, sou compulsivo e o meu melhor remédio é estar lá”. É a aceitação que os mantém longe de suas dependências.
Caio encontrou conforto na comunidade da Fazenda Jesus Cristo Rei. Ao lado de seus companheiros de jornada e através de sua fé, pôde compreender que “todo mundo é passível de erro”. Em seus conselhos, salienta que todos os que estiverem passando pela mesma situação, procure ajuda especializada.
Igualmente, Rodrigo diz que a ajuda profissional através de medicamentos e acompanhamento terapêutico é essencial. Ter uma percepção e conhecimento sobre o assunto, assim como sua esposa ao lado, o ajudou a “pensar em estratégias”, diz Rodrigo. E assim foi com Laudiceia, que na cidade onde mora, teve conhecimento de como se tratar e com apoio da família e de membros de sua igreja, conseguiu largar o hábito de fumar e enfim, seguir seu caminho sem o vício que a prejudicava.
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